A promotora da Infância e Juventude de Dourados, Cristiane Amaral Cavalcante, proibiu o uso das "pulseiras do sexo" nas escolas de Dourados. A partir desta semana, os diretores serão notificados a impedir o uso dentro da sala de aula. Eles serão inclusive autorizados a apreender o acessório se houver insistência por parte dos alunos.
A medida, segundo a promotora, tem a finalidade de prevenir a violência, principalmente sexual, no qual os usuários estão sujeitos. "Cada uma das cores das pulseiras representa "um prêmio" para quem consegue arrancar. O código vai desde um beijo até práticas sexuais. O comando para que o parceiro realize a ação é feito quando um arrebenta a pulseira do outro. Muitas crianças não sabem disso e acabam sendo obrigadas a pagar a penalidade, que se torna crime", explica Cristiane Amaral Cavalcante.
O principal argumento da promotora tem base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que estabelece que é dever da sociedade prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do Adolescente. Ela conta que em todo o país muitos são os casos de mortes e abusos relacionados ao uso das pulseiras. "Em MS uma menina foi vítima de estupro e tudo leva a crer que ela foi vítima deste jogo sexual", diz a promotora de justiça.
Ela conta que o ideal é que a proibição do uso seja tanto dentro como fora da escola. "Para isso precisamos da ajuda e colaboração dos responsáveis pela criança ou adolescente", alerta, observando que a prevenção surge para evitar que casos que surgiram na escola vão para o judiciário, quando o crime foi consumado.
Aparentemente inofensivas, as pulseiras coloridas que ganharam fama na Inglaterra em 2006, têm se tornado febre entre adolescentes no Brasil. Nas escolas, a "nova moda" já preocupa professores e coordenadores.
Para a diretora Aurenice Lima de Araújo Domingos, os pais têm papel fundamental no combate a violência. "A proibição do uso das pulseiras deve partir também dos responsáveis. Na escola eles estão seguros, porque estão sendo supervisionados, porém do lado de fora, os perigos preocupam", relata.
Para prevenir a onda de violência, a diretora está fazendo orientações com os pais sobre os riscos que os filhos estão correndo no uso das pulseiras. De todos os alunos, 60% deles utilizam o acessório. Segundo ela, alguns sabem do significado, enquanto outros usam na inocência. "Uma das orientações é que os pais comprem um outro acessório para o filho e substituam as pulseiras", disse.
A coordenadora Sandra Maria Bispo, acredita que os alunos ainda estão confusos em relação ao significado das pulseiras. "Elas são antigas e sempre foram usadas como acessório de enfeite. Espalharam uma brincadeira destas e muita gente que já usava desconhece", acredita a coordenadora.
Segundo ela para evitar qualquer tipo de problema a escola já proibiu o uso do acessório. "No ensino fundamental, as crianças não entram na escola com a pulseira. No médio, estamos promovendo palestras com os alunos e pais, no intuito de coibir a prática", disse, observando que o material é recolhido e entregue no final da aula.
Em casa os pais já tomam iniciativas. "Minha filha de 9 anos apareceu com estas pulseirinhas. Achei lindo a princípio, mas depois que vi o que realmente significava, proibi que ela usasse. Onde já se viu criança nesta idade falar de sexo", diz a dona de casa Maria de Souza Dias.
A preocupação chega também na Assistência Social do Município. De acordo com a secretária Itaciana Santiago, os riscos são de aumento na violência. Ela pretende fazer campanha nas residências orientando os pais para cuidar dos filhos fora da escola. Este ano, a Assistência Social já registrou 29 casos de estupros, envolvendo crianças e adolescentes. Em todo o ano passado, foram 51 registros.
FONTE:http://www.portalms.com.br/noticias/Promotoria-da-Infancia-proibe-uso-de-pulseiras-do-sexo-nas-escolas-de-Dourados/Dourados/Geral/959578100.html
0 comentários